Elevar a voz não me fará ouvir melhor
Elevar a voz não me fará ouvir melhor. Me fará parar de querer ouvir.
Quando opiniões se divergem, o diálogo é mais delicado e sensível.
Expor o ponto de vista com clareza àqueles que já se apresentam pré-dispostos a discordar, não é uma tarefa fácil. No entanto, penso ser fundamental, o respeito. Respeito ao pensamento do outro, de quem ele é, e do direito que tem de acreditar no que acredita.
A relação entre o certo e o errado, entre o óbvio e o não tanto, segue por diversos caminhos.
Entender que somos diferentes… em pensamentos, ideias, ideais e modo de viver, é aceitar a liberdade de ser do outro e nos permitir ter a nossa própria.
Alguns estarão abertos a ouvir e quem sabe mudar, outros não.
Quando em uma conversa o falar começa a atingir o grito, é o primeiro sinal da intolerância daqueles que acreditam serem os únicos certos e querem impor o que pensam. Pra mim, no entanto, é o exato momento em que perdem a razão. Porque quando alguém está certo, não precisa gritar aos quatro cantos, muito menos “precisar” que todos concordem. Está, isso satisfaz, e apenas tenta transmitir o que pensa àqueles que estão dispostos a admirar e compartilhar.
Quando as atitudes e os argumentos são bons, até mesmo sussurros convencem.
Quando o grito entra na conversa, acaba com ela e com qualquer argumento possível.
É claro que pode ser algo bom, quando na hora certa. No momento do gol, no show do artista, no brinde com os amigos, no desabafo de uma conquista ou até mesmo no estouro de uma dor. Fora casos assim, é apenas uma agressão da qual ninguém é obrigado “a ouvir”.
Elevar a voz não me fará ouvir melhor. Me fará parar de querer ouvir.
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